A Geração Distribuída (GD) de energia elétrica é um conceito que tem revolucionado a forma como produzimos e consumimos eletricidade no Brasil e no mundo. Trata-se da geração de energia realizada junto ou próximo ao local de consumo, utilizando fontes renováveis ou cogeração qualificada, e conectada à rede de distribuição local.

Em vez de depender exclusivamente de grandes usinas centralizadas (hidrelétricas, termelétricas, nucleares) localizadas longe dos centros de consumo, a GD permite que os próprios consumidores – residências, comércios, indústrias, propriedades rurais – gerem sua própria energia.

Neste artigo, vamos explorar o que é a Geração Distribuída, como ela funciona no Brasil, suas modalidades, benefícios e o papel fundamental da energia solar fotovoltaica nesse cenário.

Definição e Regulamentação no Brasil

A Geração Distribuída foi regulamentada no Brasil pela Resolução Normativa nº 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), posteriormente atualizada por outras resoluções e, mais recentemente, pela Lei nº 14.300/2022 (Marco Legal da Geração Distribuída).

De acordo com a ANEEL, a GD abrange:

• Microgeração Distribuída: Sistemas com potência instalada menor ou igual a 75 kW.

• Minigeração Distribuída: Sistemas com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW (para fontes não despacháveis, como solar e eólica) ou 5 MW (para fontes despacháveis, como biomassa e cogeração).

As fontes de energia permitidas para GD incluem:

• Solar Fotovoltaica

• Eólica

• Hídrica (Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs)

• Biomassa

• Cogeração Qualificada

Como Funciona a Geração Distribuída?

O modelo mais comum de GD no Brasil, especialmente para energia solar, é o conectado à rede (on-grid), que opera através do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE):

50. Geração Local: O sistema (ex: painéis solares) gera eletricidade no local de consumo.

51. Consumo Imediato: A energia gerada é utilizada para suprir as necessidades energéticas da unidade consumidora.

52. Injeção na Rede: Se a geração exceder o consumo instantâneo, o excesso é injetado na rede da distribuidora local.

53. Créditos de Energia: A energia injetada é convertida em créditos (em kWh) que podem ser utilizados para abater o consumo da rede em outros momentos (à noite, dias nublados).

54. Medição Bidirecional: Um medidor especial registra tanto a energia consumida da rede quanto a energia injetada.

Modalidades de Geração Distribuída

A regulamentação brasileira prevê diferentes modalidades para a GD, permitindo flexibilidade na forma como a energia é gerada e compartilhada:

1. Geração na Própria Unidade Consumidora

É a modalidade mais simples e comum, onde o sistema de geração está instalado na mesma unidade consumidora que utilizará a energia (ex: painéis solares no telhado de uma casa).

2. Autoconsumo Remoto

Permite que uma pessoa física ou jurídica utilize os créditos de energia gerados em uma unidade para abater o consumo de outras unidades de sua mesma titularidade (mesmo CPF ou CNPJ raiz), desde que localizadas na mesma área de concessão da distribuidora.

Exemplo: Uma pessoa instala painéis solares em sua casa de praia (onde há mais espaço e sol) e utiliza os créditos gerados para abater o consumo do seu apartamento na cidade.

3. Geração Compartilhada

Permite que diversos consumidores (pessoas físicas ou jurídicas) se unam através de um consórcio ou cooperativa para instalar um sistema de geração em um local e compartilhar os créditos de energia entre os participantes, de acordo com percentuais pré-definidos.

Exemplo: Um grupo de lojistas de um centro comercial forma uma cooperativa e instala uma usina solar em um terreno alugado, dividindo os créditos para abater o consumo de suas lojas.

4. Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras (EMUC)

Aplica-se a condomínios (residenciais ou comerciais, verticais ou horizontais), onde a energia gerada em uma área comum pode ser utilizada para abater o consumo das áreas comuns e/ou das unidades individuais (apartamentos, casas, lojas), conforme acordo entre os condôminos.

Exemplo: Um condomínio instala painéis solares no telhado do prédio e utiliza a energia gerada para reduzir a conta de luz das áreas comuns (elevadores, iluminação) e também distribui créditos para os apartamentos.

Benefícios da Geração Distribuída

A GD traz uma série de vantagens para os consumidores, para o sistema elétrico e para a sociedade como um todo:

Para os Consumidores:

• Redução da Conta de Luz: Economia significativa nos gastos com energia elétrica.

• Previsibilidade de Custos: Menor exposição às variações tarifárias e bandeiras.

• Retorno do Investimento: O sistema se paga ao longo do tempo com a economia gerada.

• Valorização do Imóvel: Imóveis com sistemas de GD tendem a ser mais valorizados.

• Independência Energética: Maior autonomia em relação à distribuidora.

Para o Sistema Elétrico:

• Redução de Perdas: A geração próxima ao consumo diminui as perdas técnicas na transmissão e distribuição.

• Alívio das Redes: Pode postergar a necessidade de investimentos em expansão da rede.

• Diversificação da Matriz: Aumenta a participação de fontes renováveis.

• Melhora da Qualidade da Energia: Em alguns casos, pode ajudar a estabilizar a tensão na rede local.

Para a Sociedade e o Meio Ambiente:

• Sustentabilidade: Utiliza fontes limpas e renováveis, reduzindo emissões de GEE.

• Geração de Empregos: Cria oportunidades de trabalho na cadeia produtiva (fabricação, instalação, manutenção).

• Desenvolvimento Tecnológico: Estimula a inovação e a indústria nacional.

• Democratização do Acesso à Energia: Permite que mais pessoas participem ativamente do setor elétrico.

O Papel da Energia Solar Fotovoltaica na GD

A energia solar fotovoltaica é, de longe, a fonte mais utilizada na Geração Distribuída no Brasil, respondendo por mais de 98% da potência instalada nesta modalidade. Isso se deve a fatores como:

• Modularidade: Sistemas podem ser dimensionados para qualquer tamanho de consumo.

• Versatilidade: Podem ser instalados em telhados, fachadas, solo, etc.

• Redução de Custos: O preço dos equipamentos fotovoltaicos caiu drasticamente nas últimas décadas.

• Manutenção Simples: Sistemas fotovoltaicos exigem baixa manutenção.

• Ampla Disponibilidade do Recurso Solar: O Brasil possui excelente irradiação solar em todo o território.

Desafios e Perspectivas

Apesar do crescimento exponencial, a GD ainda enfrenta desafios, como a necessidade de aprimorar a integração com as redes de distribuição, garantir a estabilidade do sistema elétrico com alta penetração de fontes intermitentes e ajustar o modelo regulatório e tarifário (como as mudanças trazidas pelo Marco Legal da GD).

No entanto, as perspectivas para a Geração Distribuída no Brasil são extremamente positivas. A tendência é de crescimento contínuo, impulsionado pela busca por economia, sustentabilidade e autonomia energética por parte dos consumidores, e pelos avanços tecnológicos que tornam as soluções de GD cada vez mais acessíveis e eficientes.

Conclusão

A Geração Distribuída representa uma mudança de paradigma no setor elétrico, transferindo parte da responsabilidade pela geração de energia para os próprios consumidores. Através de fontes renováveis como a solar fotovoltaica e mecanismos como o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, a GD oferece economia, sustentabilidade e maior controle sobre o consumo de energia.

Compreender as diferentes modalidades (autoconsumo remoto, geração compartilhada, EMUC) e as regras do SCEE permite que consumidores residenciais, comerciais e industriais aproveitem ao máximo os benefícios dessa revolução energética.

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